terça-feira, 3 de dezembro de 2013

LOLITA, de Vladimir Nabokov (Novembro/2013: Livros que foram banidos)

Resenha de Ana Britto

Esta não foi uma leitura fácil para mim. Sou mãe de tres pessoas, sendo duas meninas e foi perturbador ler as confissões de um pedófilo cujo alvo eram meninas. Garotas por volta dos doze anos, no desabrochar da adolescência e por ele nomeadas de ninfetas, termo que se tornou popular com a publicação do livro. Porque estas meninas, embora se mostrem como as crianças que ainda são, já apresentam um início de sexualidade e sensualidade prenunciadores das futuras mulheres. 

O livro que li em outubro, sobre superação, foi o relato autobiográfico de Natasha Kampusch sobre os anos de seu sequestro, feito por um pedófilo. Natasha foi sequestrada aos dez anos de idade e só conseguiu fugir aos dezoito. Ela fala da sutil manipulação emocional que uma criança é capaz de fazer uma perceber o grande interesse de um adulto por ela. E isso, de alguma forma, bateu com o que o que Nabokov diz sobre as ninfetas, essa confusão entre sua inocência/vulnerabilidade/consciência.
Nabokov escreveu este livro como a memória/ confissão de “Humbert Humbert” (nome fictício, ele faz questão de esclarecer), atormentado pela culpa, que está preso, aguardando julgamento e que vem a falecer de morte natural antes disto acontecer. O livro conta a estória deste personagem difícil, suas taras, disfarces e estratégias.
Lolita causou muitas polêmicas, foi proibido em vários países mas hoje é um dos livros mais lidos e vendidos. Já foi filmado algumas vezes e a versão de 1997, de Adrian Lyne, com Jeremy Irons, é realmente muito boa e fiel ao livro. No posfácio, Sobre um livro intitulado “Lolita”, o autor esclarece várias circunstâncias da criação deste romance e diz que “...muitas pessoas inteligentes, sensíveis e resolutas compreenderam meu livro muito melhor do que eu poderia aqui explicá-lo”.

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